108. Avenida Maranhão

Eu procurei escrever uma crônica onde a ação acontece na avenida Maranhão, procurei descrever o espaço, o ambiente, mas não deu certo.

Em meu intento eu tive que mencionar em primeiro lugar, que a Maranhão é paralela ao rio Parnaíba, onde uma grande área de terra e árvores separa o pavimento da água. Nessa área diferentes tipos de pessoas habitam de dia.

Esta avenida tem duas pistas, dois para o norte e dois para o sul. Nela passam todo tipo de transportes, em ambas direções. Carros e motos particulares, ônibus da cidade, do estado e interestadual; caminhões pequenos e gigantes. Ademais tem uma ciclovia aos lados de cada pista.

Desde muito cedo as pessoas que trabalham na lavagem de autos chegam aos postos. Há diferentes negócios ao longo da avenida, com nomes que referem aos sobrenomes da cada família que toda junta ali trabalha. Ficam em redes e cadeiras improvisadas, feitas nas árvores e postes de luz.

Cedo também chegam a esta área da avenida as mulheres que trabalham alugando seu corpo. Elas ficam sentadas nas plataformas que alinham a ciclovia, baixo a sombra das árvores e da ponte que leva para Timon. Elas desaparecem por um tempo e reaparecem, em seu mesmo lugar sempre, todos os dias.

Ao meio dia chegam para fazer um cochilo homens que trabalham em caminhões, deixam seus transportes de trabalho de um lado da área que margeia o rio, e fazem suas camas com caixas ou levam suas redes.

A avenida Maranhão tem muita vida no dia, na noite, as seis ou sete horas vai ficando sozinha, no pavimento e na área pertinho do rio. No dia, lá as pessoas habitam em dependência dos veículos, que passam, que ficam, que saem, que voltam e que, geralmente, decoram de maneiras diferentes a vida pelo rio.

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